Hoje fala-se muito em preservação ambiental. Floresta amazônica, desperdício de água, queimadas, diminuição do cerrado, e várias outras preocupações de importância inquestionável no cenário brasileiro e mundial.
Mas hoje quero falar da pesca esportiva do tucunaré azul (cichla piquiti)
espécie considerada exótica na bacia do Rio grande, mais precisamente no lago de Furnas.
Relatos de pescadores dão notícia do aparecimento desta espécie de peixe aqui nas águas de Furnas em meados de 1997, e a partir daí, como numa fofoca daquelas de deixar todo mundo de cabelo em pé, foi se espalhando entre um e outro que tinha um " peixe estranho de boca grande e pinta no rabo" que comia de tudo que se movia a sua frente, e lentamente a represa foi sendo tomada ao longo desses anos por pescadores e suas tralhas diversas. Iscas de superfície (àquelas que vem por cima da água), iscas de meia-água (iscas que nadam de 20 a 80 cm da superfície), iscas de fundo, das mais variadas marcas , tipos, e cores, iscas confeccionadas manualmente com penas e pedaços de sacolas plásticas.
Com tantos pescadores e seus apetrechos, não demorou aparecer nas rodinhas de amigos, uma competição implacável para ver quem pegava mais peixe. Criou-se uma disputa medieval, e insana, como naquelas comparações idiotas da infância e da adolescência que fazíamos. Meu pé é maior que o seu, eu sou mais forte que você, o meu é mais, o seu é menos... e por aí foi. Soma-se a isso tudo, o aumento da pesca predatória com redes de arrasto, redes de tamanho irregular e em quantidade acima do que seria permitido pela regulamentação Federal a pouca fiscalização dos Órgãos competentes, ou seja, FALTA DE CONSCIÊNCIA GERAL MESMO!!!
Quem sou eu para sair julgando todo mundo. Vou confessar aqui que eu mesmo participei dessa pescaria de competição, matei muitos peixes, congelei muitos peixes, contribui também para a diminuição dessas criaturas aqui na nossa represa.
Hoje, alguns anos depois, pode-se ver que os tucunarés sumiram. Estão escassos, estão escondidos, estão com medo! Acuados, sofrem para se manter em um ambiente hostil, em que o seu maior predador é o ser humano, o racional, o que se julga superior.
MAS AGORA CHEGA!!!
Vamos acordar enquanto é tempo. Vamos enxergar a nossa pescaria como um esporte. PAREM de vender tucunarés para "tirar a despesa" da pescaria. PAREM de agir como seres irracionais egoístas. Comer um peixe ou outro não acabará com a espécie, não precisamos fazer estoque de peixe nos nossos frezeres, não precisamos vender peixe porque somos atletas da pescaria e não profissionais do peixe.
VAMOS DEIXAR O TUCUNARÉ REINAR NO LAGO DE FURNAS.
Adorei o texto!
ResponderExcluirAcredito que é muito importante a preocupaçao com a natureza, não defendo a causa por um só motivo, o meu pai infarta se não puder pescar e trazer um grande peixe para casa.
Creio que o problema principal não é pegar e não soltar e sim a pesca predatória de peixes muito pequenos, pois todos os pescadores que eu conheço dizem que os menores são melhores na hora de comer frito. Contudo se os pequenos são pescados a especie não procria, assim a pesca esportiva se extingui mais!
Sabrina (filha de pescador)
Grande Airton,
ResponderExcluirEu me lembro como se fosse hoje, o primeiro tucunaré, que foi no lago de furnas em 1996. Pequeno ainda, estava com um cardume pequeno. Imaginara que dali em diante, anos passariam e eu o pegaria com 2, 3, 4kg. Lêdo engano. A partir de então só ouvia e via falar sobre a matança. E acompanhar o declínio do peixe no lago, está sendo muito triste, em vista do potencial que estamos perdendo em todos os sentidos. Mas pelo menos agora temos um pouco de boa vontade em brigar e lutar para que não acabe de vez.